Lição 14 - “Deus não criou um mundo sem significado."
- Alexandre Puglia

- May 27
- 7 min read

1. A Lição
A ideia de hoje é, obviamente, a razão pela qual um mundo sem significado é impossível. O que Deus não criou, não existe. E tudo o que realmente existe, existe tal como Ele criou. O mundo que você vê não tem nada a ver com a realidade. É da sua própria autoria, e não existe.
Os exercícios de hoje devem ser praticados com os olhos fechados. Isso reforçará a ideia de que o que você está vendo é um mundo que não está realmente lá.
Comece o período de prática repetindo a ideia de hoje bem devagar. Depois, com os olhos fechados, olhe ao seu redor mentalmente. Repita a ideia enquanto “vê”:
“Deus não criou um mundo sem significado.”
Diga isso enquanto observa interiormente qualquer coisa que venha à mente. Deixe que seu olhar mental descanse em cada imagem tempo suficiente para dizer a frase, e depois passe para a próxima.
Ao aplicar a ideia a cada objeto ou forma mental, diga:
“Deus não criou essa parede, e portanto ela não é real.”“Deus não criou esse corpo, e portanto ele não é real.”
Reforça-se novamente que, com os olhos fechados, você ainda pode ver. O objetivo é treinar a mente a parar de dar significado ao que vê, e começar a lembrar o que é real.
Não se perturbe com pensamentos que digam que isso é blasfêmia ou loucura. Não julgue o que está aprendendo. Se continuar com os exercícios, essas ideias começarão a fazer sentido e parecer verdadeiras.
2. Explicação
Deus é Espírito. Ele vive na eternidade — um lugar além do passado e do futuro, além da perda e da decadência, além de tudo o que muda ou morre.Somente o Ser puro. Somente a alegria eterna. Somente o Amor.
Em Seu amor, Ele criou o Espírito para viver nesse mesmo lugar.Fomos criados não como corpos, mas como extensões puras do Seu Ser — intemporais, sem fronteiras, livres.
A criação é a expansão do Amor — não a formação de formas, mas a extensão infinita da Verdade. E porque fomos feitos à Sua semelhança, recebemos o poder de co-criar — de estender o que é eterno.
Mas então, uma pequena ideia entrou em nossas mentes poderosas:
“E se eu pudesse estar separado?”
E não rimos disso. Nós acreditamos.E assim nasceu o sonho da separação: uma dimensão de tempo e espaço onde inícios e fins pareciam reais.
Este é o mundo que vemos — um mundo criado não por Deus, mas pela mente adormecida no sonho da separação. É a “queda” descrita na história de Adão — não uma queda da graça de Deus, mas uma queda no esquecimento.
Ainda hoje, continuamos a criar.– Quando criamos com o ego — a partir do medo, do julgamento e da culpa — fabricamos coisas temporárias dentro do sonho: objetos, sistemas, ilusões.– Quando criamos com o Espírito — a partir do amor, do perdão e da união — criamos tesouros eternos que expandem o Coração de Deus.
A física quântica ecoa essa realidade.Em O Campo, Lynne McTaggart descreve o universo não como uma estrutura de objetos, mas como uma rede interativa de energia — um campo que responde à crença, à atenção e à intenção.Nossos pensamentos moldam a realidade.Quando pensamos com o ego, colapsamos a realidade em medo e separação.Quando pensamos com o Espírito, estendemos o amor na eternidade.
E aqui está o milagre:
Porque o mundo sem significado — o mundo do medo e da decadência — não é o mundo de Deus, ele não pode tocar o Ser de Deus. Mas o Amor é tão infinito, tão completo, que abraça até mesmo esse sonho sem ser afetado por ele.
O Céu é tão vasto que contém o tempo, o espaço e até o sonho da separação —sem perder uma única gota de sua alegria.
O oceano do Amor permanece sereno, mesmo quando pequenas ondas sobem e descem à superfície.
Não estamos presos. Ainda estamos amparados. E ainda somos livres para despertar.
3. Integração com o Cristianismo
Se Deus não criou um mundo sem significado, então o mundo que vemos — um mundo de perda, decadência, conflito e morte — não pode ser criação de Deus.Esse não é nosso lar eterno.Na verdade, não é nem realidade.
Quando Jesus fala que “o céu e a terra passarão”, Ele não está profetizando uma destruição catastrófica.Ele está gentilmente apontando que tudo o que foi feito dentro do tempo — até mesmo os céus e a terra — é temporário, e portanto não foi criado por Deus, que só cria o que é eterno.
Quando Paulo diz que vivemos pela fé e não pela visão, ele não está nos pedindo para crer cegamente em doutrinas, mas para confiar na realidade invisível do Espírito, mesmo quando o mundo visível parece opressor.
E quando Jesus nos diz para juntar tesouros no Céu, Ele não está falando sobre recompensas futuras.Ele está nos convidando a cocriar com o Espírito — a estender amor, perdão e união — a plantar sementes na eternidade, em vez de investir nas ilusões do tempo.
A mudança é radical:Em vez de ver o mundo como um palco onde precisamos provar nosso valor a Deus,passamos a ver o mundo como um sonho que fizemos —e lembramos que nunca fomos separados da verdadeira Casa do Amor.
Os versículos que antes lemos como advertências agora se revelam como convites:não para temer o fim do mundo,mas para despertar para o mundo eterno que nunca nos deixou.
E mesmo dentro deste sonho, algo sagrado acontece:Na Cabala, o conceito de Tikkun ensina que estamos aqui para reparar e evoluir — para transformar os fragmentos da separação em recipientes de luz.Isso se alinha perfeitamente com o ensinamento do Curso de que “o Espírito Santo pode usar o que o ego fez” como ferramenta de cura e recordação.Mesmo o mundo que fizemos pode se tornar uma sala de aula para o despertar.Visto por essa luz, o chamado de Jesus para armazenar tesouros no céu é também um convite para usar esta vida como espaço de aprendizado — não como punição ou exílio, mas como uma oportunidade de expandir nosso espírito através do amor consciente, momento a momento.
4. Versículos Bíblicos e Novo Significado
1. Mateus 24:35"O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão."
Interpretação tradicional:
Visto como uma profecia da destruição do mundo e um chamado para nos apegarmos aos ensinamentos de Deus para sobreviver ao fim dos tempos.
Significado mais profundo:
Tudo o que é feito dentro do tempo — até mesmo o céu e a terra — se dissolverá porque não é eterno.
Somente a Palavra eterna do Amor permanece, intocada pelas mudanças do mundo.
2. 2 Coríntios 5:7"Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos."
Interpretação tradicional:
Encarado como um chamado para crer nas promessas de Deus mesmo quando não são visíveis, com ênfase na perseverança moral.
Significado mais profundo:
A verdadeira vida não depende das formas transitórias vistas pelos olhos do corpo, mas da Realidade invisível e imutável do Espírito — o Amor eterno que não pode ser percebido pelos sentidos, mas é reconhecido por dentro.
3. Mateus 6:19–20"Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu..."
Interpretação tradicional:
Compreendido como uma advertência contra o materialismo e um chamado à vida justa para receber recompensas celestiais após a morte.
Significado mais profundo:
Tesouros ligados ao mundo da forma inevitavelmente se deterioram porque fazem parte do sonho da separação.
Verdadeiros tesouros — atos de amor, perdão e união — são criações do Espírito que se estendem na eternidade, intocados pelo tempo.
Até mesmo as criações do ego são transformadas pelo Espírito Santo em oportunidades de aprendizado — lições que nos ensinam, com gentileza, a escolher tesouros que nunca se perdem.
5. Mensagem aos Amigos
O motivo pelo qual escolhi o versículo de Mateus hoje — aquele que fala sobre acumular tesouros no céu — é porque vejo um convite profundo e poderoso nesse ensinamento de Jesus. Não é um chamado para adiar a alegria.Nem para moralizar a paz. Mas para aprender a escolher o que permanece.
Dizer que Deus não criou um mundo sem significado é também dizer isto:nós é que damos significado ao mundo — todos os dias, com o nosso olhar, com o nosso sentir, com o nosso jeito de perceber.
Na minha experiência, quando me identifico com os meus problemas, medos, prazos — e tento resolver tudo apenas com a mente — acabo preso em um ciclo difícil de quebrar.Entro em espiral. E, a não ser que algo externo me interrompa, fico ali — ansioso, com medo, sem dormir, com o corpo tensionado.
O que está realmente acontecendo é que estou entregando meu poder.Às pessoas. Às situações. Aos pensamentos. E começo a acreditar que não sou eu quem controla como me sinto — que é o comportamento de alguém, ou algum resultado que ainda não chegou, que está segurando a chave da minha paz.E que só quando essa chave girar, aí sim eu vou ficar bem.
E sim, já houve temporadas na minha vida em que as coisas que eu esperava aconteceram — e por um tempo, eu chamei isso de paz.Às vezes porque me esforcei.Às vezes porque veio pela graça.Às vezes porque algo melhor apareceu, mesmo sem eu ter pedido.
Mas essa lição me traz de volta a algo mais profundo:Deus não criou o mundo onde eu vivo em dor.Ele não criou o mundo que luta, que esquece, que teme.Esse mundo fomos nós que fizemos — todos juntos — a cada manhã, quando acordamos e decidimos qual será o significado que vamos viver.
Ouço pessoas como Peter Crone e Byron Katie dizendo que só sofremos quando criamos uma ligação entre a situação e o nosso eu — e que essa ligação nasce da forma como enxergamos.
Então, quando dizemos: “Tenho essa crença limitante” ou “Estou preso nesse pensamento negativo”, já é tarde demais.O pensamento veio porque foi assim que nos percebemos.A crença apareceu porque, inconscientemente, escolhemos essa identidade.
É por isso que o versículo “Vivemos por fé, não por vista” tem tanto poder.Porque a visão — do jeito que o ego usa — sempre nos mostrará problemas, perdas, ameaças e coisas para consertar.Mas a fé — a fé real — nos lembra de quem somos antes dos problemas.E quando ancoramos ali, a percepção muda.O que era um problema vira apenas uma situação.
E se permanecermos na situação —sem reagir, sem culpar, sem tentar forçar uma saída pelo medo —algo começa a se dissolver.A dor suaviza.O peso do significado que colocamos ali se desfaz.E mais cedo ou mais tarde, atravessamos.
Cada vez que caminhamos por um momento difícil, desafiador, sem cair na narrativa destrutiva do ego —nós expandimos.Ficamos maiores na eternidade.Precisamos de menos tempo aqui, porque aprendemos mais uma lição com o Espírito Santo.
Esse é o salto.Esse é o tesouro.Não algo para se conquistar depois — mas uma libertação que começa agora.Uma lição lembrada.Um mundo revisto.Um passo mais perto do significado que sempre esteve ali, esperando.


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