Lição 12 — Estou perturbado porque vejo um mundo sem significado.
- Alexandre Puglia
- May 27
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1. A Lição
A importância desta ideia está no fato de que ela contém uma correção para uma grande distorção perceptiva. Você pensa que o que te perturba é um mundo assustador, ou um mundo triste, ou um mundo violento, ou um mundo insano. Todos esses atributos são dados por você. O mundo, em si, é sem significado.
Esses exercícios são feitos com os olhos abertos. Olhe ao seu redor, desta vez bem devagar. Tente manter um ritmo constante, mudando seu olhar de um objeto para outro em intervalos mais ou menos iguais. Não permita que esse intervalo se torne marcadamente mais longo ou mais curto. Não vire a cabeça de um lado para o outro, apenas mova os olhos suavemente.
Diga enquanto observa:
“Acho que vejo um mundo assustador, um mundo perigoso, um mundo hostil, um mundo triste, um mundo perverso, um mundo louco,”e assim por diante, usando quaisquer termos que lhe ocorram. Se surgirem termos que pareçam positivos, use também. Por exemplo: “um mundo bom”, “um mundo satisfatório”. Lembre-se: um “mundo bom” implica que também pode haver um “mundo ruim”.
Evite alterar os intervalos entre os pensamentos e os objetos. O ritmo constante é parte do exercício. Pratique a ideia de forma totalmente indiscriminada. Não categorize ou classifique. Um objeto é tão adequado quanto outro.
2. Explicação
O verdadeiro valor desta lição não está em rejeitar o mundo, mas em desarmar os significados ocultos que atribuímos a ele. O Texto diz que a percepção é um espelho, não um fato. O mundo que vemos é um reflexo do estado interior da mente.
“A projeção faz a percepção.” (T-21.in.1:1)“O mundo é percepção falsa. Ele nasce do erro e não deixou sua fonte.” (T-26.VII.4:1)
Quando percebemos que o que nos perturba não é o mundo, mas o significado que damos a ele, retomamos o poder criativo do pensamento.
Joe Dispenza ensina que, ao reagirmos emocionalmente a algo, reforçamos circuitos neurais que fixam esse “algo” como real em nossa experiência. Continuamos recriando o mesmo mundo emocional até que mudemos a programação interna.
Matías De Stefano explica que a realidade é um campo de memória projetada. Ver o mundo como sem significado interrompe o ciclo de repetição inconsciente.
Lisa Miller, com sua pesquisa em neurociência espiritual, mostra que a consciência espiritual literalmente remodela o cérebro. O medo se dissolve quando percebemos a vida com conexão e presença.
3. Integração com o Cristianismo
Romanos 12:2 nos chama a “ser transformados pela renovação da mente.” Essa lição nos lembra: não precisamos consertar o mundo, mas curar a forma como o vemos.
Jesus curava os cegos dizendo: “A tua fé te curou.” Fé não é crença no futuro—é o olhar que escolhemos agora. A visão espiritual revela que o Reino de Deus não está “lá fora”, mas “dentro de nós”.
Essa é uma fé mais profunda: não uma fé em que tudo vai melhorar, mas uma fé de que já somos inteiros, e que veremos um mundo diferente quando voltarmos à Verdade.
4. Versículos Bíblicos e Novo Significado
Isaías 55:8–9 – “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.”
→ Versão tradicional: Deus é superior e incompreensível.
→ Versão mais profunda: Nossa percepção é limitada pelo ego. A paz surge quando deixamos de acreditar que nossa visão é a verdade.
1 Coríntios 13:12 – “Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; depois veremos face a face.”
→ Versão tradicional: Veremos claramente só após a morte.
→ Versão mais profunda: Podemos começar a ver com clareza agora, ao purificar nossa percepção.
Mateus 6:22–23 – “Os olhos são a lâmpada do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz.”
→ Versão tradicional: Chamado à pureza moral.
→ Versão mais profunda: Quando olhamos com amor, enxergamos a luz, mesmo em meio à escuridão.
5. Mensagem aos Amigos
No segundo exercício, algo despertou em mim.
Senti um chamado silencioso para escrever—não apenas o que eu estava experimentando, mas o que estava acontecendo dentro de mim. Uma voz surgiu, não alta, mas firme: “Talvez isso se torne um livro um dia.” Chamado ou não chamado, eu sabia que precisava compartilhar essa jornada. Não para ensinar—mas para testemunhar. Para dizer: “É isso que estou vendo.”
E o que estou vendo não é novo. É antigo. Vive nas palavras do Curso, mas também nos fios silenciosos que conectam místicos, cientistas, rabinos, monges e filósofos de todos os tempos. Hoje, quero te apresentar um desses fios—Byron Katie.
Byron não era uma guru. Ela era uma mulher comum do interior dos EUA, que caiu na escuridão da depressão. Após dez anos nesse abismo, internou-se voluntariamente. E então, numa manhã... algo se abriu.
Ela acordou. Mas não como a gente acorda. Ela despertou em outro mundo. Um mundo sem separação. Sem medo. Sem ego. Apenas presença. Levou meses para reaprender a viver nesse tempo e forma. Mas ela carregou aquela luz com ela.
E começou a ensinar um exercício simples: The Work (O Trabalho). Quatro perguntas e um “inverso”. Só isso. Mas essas quatro perguntas desmontaram meu sofrimento. Vez após vez.
O Trabalho me mostrou que a dor não vem dos eventos—vem dos pensamentos. Pensamentos como: “Ela não se importa comigo.” “Isso não deveria ter acontecido.” “Eu não sou suficiente.”
Quando os questionei—não intelectualmente, mas profundamente—encontrei liberdade. E como diz a Kabbalah: quando você muda o seu mundo interior, o exterior muda também. Minha esposa mudou. Meu filho mudou. Meus amigos mudaram. Mas, na verdade, fui eu que comecei a ver com novos olhos.
Byron diz que existem apenas três tipos de trabalho: o trabalho de Deus, o trabalho do outro, e o meu trabalho. E a paz só existe em um deles: no meu.
Tentar consertar o mundo? É trabalho de Deus.Tentar consertar o outro? É trabalho dele.A única tarefa que me cabe... é questionar o que acredito.
E é isso que a lição de hoje diz: “Estou perturbado porque vejo um mundo sem significado.”
Não é o mundo que nos machuca. É o filtro com o qual olhamos para ele. Como diz Joe Dispenza: “Sua realidade pessoal é criada pela sua personalidade.” Nada muda fora antes que mude dentro.
E aqui está o que aprendi:
Você pode estar na mesma casa, no mesmo trabalho, no mesmo relacionamento—e ainda assim viver um mundo completamente diferente. Não porque o mundo mudou... mas porque você mudou.
Você pausou.Você questionou a história.Você escolheu de novo.
E quando você faz isso, a guerra termina. Não porque a batalha desapareceu, mas porque você largou a espada. Parou de lutar contra a ilusão e começou a ver a verdade.
Como Paulo disse: “Agora vemos como por espelho, em enigma.”E o espelho reflete o quê?Nosso ego.Nossas crenças limitantes.Nós mesmos.Nossas memórias.Nosso passado...E nossos medos do futuro.
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