Lição 7: Eu só vejo o passado
- Alexandre Puglia

- May 27
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1. A Lição - "Eu só vejo o passado."
"Esta ideia é particularmente difícil de acreditar a princípio. No entanto, ela é a base de todas as anteriores.É o motivo pelo qual nada do que você vê significa coisa alguma.É o motivo pelo qual você deu a tudo o que vê todo o significado que isso tem para você.É o motivo pelo qual você não entende nada do que vê.É o motivo pelo qual seus pensamentos não significam nada, e por que eles são como as coisas que você vê.É o motivo pelo qual você nunca está transtornado pela razão que pensa.É o motivo pelo qual você está transtornado porque vê algo que não está lá."
Esta lição convida você a considerar que sua percepção não é neutra — tudo o que você pensa que vê é, na verdade, uma memória. Você olha para um copo, e não está realmente vendo aquele copo; está vendo todos os copos que já segurou, que quebrou, de que bebeu, que perdeu. Você olha para uma pessoa e não está encontrando ela agora — está encontrando a sua história sobre ela. O passado está sobreposto a tudo.
Exercício prático:Observe o ambiente ao seu redor e aplique a ideia com gentileza:
“Eu só vejo o passado neste lápis.”
“Eu só vejo o passado neste sapato.”
“Eu só vejo o passado naquele rosto.”
Repita o exercício três ou quatro vezes hoje, por cerca de um minuto cada. Deixe seus olhos se moverem naturalmente e não se demore em nenhum objeto.
2. Explicação
A percepção não é passiva — é projeção. O que chamamos de “realidade” é frequentemente apenas um eco do passado, sobreposto ao momento presente. Você não está vendo a coisa em si; está vendo o que sua mente acredita sobre ela, o que ela lembra, o que ela teme.
O Curso diz:
“A percepção é um espelho, não um fato. E o que eu vejo é o meu estado mental refletido para fora.”
“Você vê o que espera, e espera o que convida. A sua percepção é o resultado do seu convite.”
Em uma visão mais profunda, isso significa que o seu sofrimento não é causado pelo mundo — mas por aquilo que você projeta sobre ele. Toda mágoa, todo julgamento, todo medo nasce não do agora, mas de uma memória que ainda não foi curada.
A boa notícia?Se o que você vê é o passado, então você pode escolher parar de olhar por ele.E deixar o presente entrar.
3. Integração com o Cristianismo
Na tradição cristã, especialmente nas práticas contemplativas, somos convidados a voltar ao que Jesus chamou de “permanecer”. Ele não falava em correr para o futuro ou se agarrar ao que ficou para trás. Ele disse: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós.”
Permanecer é descansar — é manter-se conectado à fonte.
A Lição 7 é um chamado para permanecer no presente com Cristo. Porque, enquanto vemos apenas o passado, não conseguimos enxergar aquilo que está sendo feito novo. E Jesus disse: “Eis que faço novas todas as coisas.”
Mas nós não enxergamos.Repetimos.Revivemos.Nos defendemos contra o que já passou.E perdemos o agora.
A mente renovada de Cristo vê sem distorção. Ela não arrasta o ontem para hoje. Não deixa o medo se disfarçar de razão. Ela confia no Pai — não como ideia, mas como presença viva.
4. Versículos Bíblicos e Interpretação Tradicional
Versículos:
“Esqueçam o que se foi; não vivam no passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova!” — Isaías 43:18-19
“Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” — 2 Coríntios 5:17
“As suas iniquidades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele.” — Isaías 59:2
Visão tradicional:Esses versículos costumam ser lidos como chamados ao arrependimento. Na maioria das igrejas, a mensagem é: o pecado causa separação, e o perdão restaura a conexão. Isso forma uma espécie de linha do tempo — éramos puros, caímos, fomos redimidos. Mas, nessa visão, estamos sempre a um passo errado de distância de precisar ser salvos novamente.
Visão mais profunda:A palavra hebraica traduzida como “iniquidade” em Isaías 59:2 é avon, que significa distorção, algo torto ou curvado. A raiz latina da palavra “iniquidade” é iniquitas — in- (não) + aequitas (equidade, equilíbrio). Iniquidade, então, não é apenas comportamento errado — é uma forma distorcida de ver. Uma lente torta sobre nós mesmos, sobre Deus, sobre o amor.
Ou seja, a separação não começou com o pecado. O pecado é o resultado de termos esquecido da nossa união.Quando a mente se desvia do amor, caímos no medo.Quando acreditamos na mentira da desconexão, nossas atitudes refletem essa ilusão.
Mas quando retornamos à verdade — quando lembramos — deixamos de precisar ser salvos.Porque entendemos que nunca estivemos sozinhos.
5. Mensagem para os Amigos
Semana passada, eu estava conversando com meu pastor, e ele me fez uma pergunta que não saiu mais da minha cabeça:“Por que você acha que as pessoas ouvem a vida inteira sobre o sacrifício e o perdão, mas ainda têm tanta dificuldade de acreditar que são perdoadas?”
Sem pensar muito, eu respondi: “Porque elas não se perdoam.”
Mas aquela resposta ficou reverberando. E quanto mais eu meditava nisso, mais uma coisa se tornava clara:A gente não se sente perdoado porque ainda está vivendo no passado.Não só nas nossas memórias — mas na nossa identidade, nas nossas crenças, até na nossa imagem de Deus.Aprendemos, dentro e fora da igreja, uma narrativa assim:Fomos puros. Depois, pecamos. Aí, nos separamos de Deus. Então Jesus veio e fez um caminho de volta.
Essa interpretação nos mantém presos à ideia de que estamos sempre esperando Deus nos salvar. E cada vez que erramos, parece que Ele precisa vir de novo.Isso, no dia a dia, vira um ciclo de culpa, depressão e ansiedade.A gente esquece da verdade que muda tudo:Já estamos conectados.
A gente esquece.Esquece que somos os ramos da videira.E quando esquecemos da videira, tentamos crescer sozinhos.É aí que secamos.É aí que o medo toma conta.É aí que tentamos consertar algo que já está inteiro.
Jesus não veio para iniciar um ciclo de resgate — Ele veio para acabar com a ilusão da separação.Ele não disse: “Um dia você será perdoado.”Ele disse: “Permaneça em mim, como eu permaneço em você.”Isso não é uma promessa.É um fato.Uma realidade presente que a gente vive esquecendo.
E por isso, o trabalho não é “ser melhor”.O trabalho é mudar sua mente.
A Byron Katie tem um exercício chamado The Work.É um convite para olhar a sua vida sem o filtro das crenças limitantes.Então, quero te convidar agora:
Olhe para a sua vida do jeito que ela está hoje.Escolha um problema — só um — aquele que parece o maior de todos.Pode ser espiritual, financeiro, emocional… o que for.
Feche os olhos.Sinta o medo que esse problema traz.E depois diga a si mesmo:
Como eu olharia para esse problema se eu tivesse 100% de certeza de que Deus vai resolver isso amanhã?
Fique aí.Olhe de novo para o medo.E veja ele sair do seu corpo.
É isso — exatamente isso — que é lembrar.É isso que é parar de ver apenas o passado.É o fim da separação.
Porque a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus,e Deus nunca disse outra coisa além de:
Eu estou aqui. Estou com você. Nunca vou te deixar. Todos os seus problemas serão resolvidos.
Então, quando você escolhe acreditar no que é real — não no que é medo —quando você lembra do que Deus já disse,você muda sua mente.E o medo vai embora.
E é aí, meu amigo,que você se sente perdoado.


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